quarta-feira, 30 de novembro de 2011

JB NA HISTÓRIA


30 de novembro de 1991: Morre Sobral Pinto, o defensor dos direitos do homem


"A democracia é universal, sem adjetivos". Sobral Pinto

25 dias após completar 98 anos, o jurista Sobral Pinto morreu de falência múltipla dos órgãos, numa manhã de sábado, em casa, no bairro carioca de Laranjeiras. Nos últimos dias, ele, que vinha tratando uma pneumonia e uma desidratação, demonstrava fraqueza e se alimentava com dificuldade.

Em paz com seu tempo e com Deus, morreu na humildade do corpo, mas na grandeza do espírito em que sempre viveu. Como um Homem que passou à História do Brasil, principalmente pela extremada devoção à liberdade. Um dos raros exemplos de homens que deveria ter o privilégio de ser enterrado de pé, porque não serviu nunca aos poderosos nem nunca se dobrou ao arbítrio e à prepotência. Mais do que suas obras - Teologia da Libertação: materialismo marxista na teoria espiritualistaLições de Liberdade ePorque defendo os comunistas, entre outras -, ele legou a seus contemporâneos e às futuras gerações um exemplo de luta e dignidade.

Quando setores reacionários da UDN pretederam usurpar o mandato que o povo havia livremente concedido a Juscelino Kubitschek, suas advertências levaram o Marechal Lott ao contragolpe "preventivo" de 11 de novembro de 1955, que depôs o presidente Carlos Luz.

No início de abril de 1964, vitorioso o golpe militar que derrubou o Presidente Jango, advertiu em carta ao marechal Castelo Branco que sua candidatura à Presidência da República, na qualidade de chefe do Estado-Maior do Exército, era ilegal.
Sobral Pinto. Reprodução
Filho ilustre da cidade mineira de Barbacena, Heráclito Fontoura Sobral Pinto nasceu em 5 de novembro de 1893. Os primeiros estudos fez em Porto Novo do Cunha, atual Além Paraíba, para onde a família se mudou quando ele tinha pouco mais de um ano. De lá, seguiu adolescente para Nova Friburgo, onde bacharelou-se em ciências e artes. Depois, transferiu-se para o Rio, então Distrito Federal, ingressou na Faculdade de Direito e empregou-se na Repartição Geral dos Telégrafos. Ao final do curso, veio o bacharelado em 1918, e o início de uma promissora carreira que exerceria por 74 anos.

Preso por alguns dias, logo após da decretação do Ato Institucional número 5 em dezembro de 1968, respondeu com altivez ao oficial carcereiro, que lhe dissera tratar-se de uma medida pela ´democracia à brasileira´: "Coronel, há peru à brasileira. A democracia é universal, sem adjetivos".

Reconhecido e amplamente condecorado pela defesa da democracia e dos direitos humanos, nenhuma medalha ou homenagem, porém, lhe falava tão alto de perto ao coração como o amor da mulher, Maria José, com quem viveu por 65 anos e constituiu uma família com sete filhos, oito netos e seis bisnetos. Poucos dias antes de morrer confidenciou à esposa: "Você acredita que, depois de Deus e da Virgem, você é tudo para mim?" Ela respondeu:" Acredito".

Outras efemérides de 30 de novembro
1956 - Ataques de rebeldes em Cuba
1980 - Cartola, um vazio se fez no samba

1986: Terremoto abala o Rio Grande do Norte

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