quinta-feira, 30 de abril de 2015

'PMDB não pode se transformar em coordenador de RH', diz Renan. G1


O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou nesta quinta-feira (30) o fato de o vice-presidente da República, Michel Temer – que é o presidente nacional do PMDB –, ter passado a centralizar a distribuição de cargos no segundo escalão do governo Dilma. Para Renan, o PMDB não pode se transformar em um "coordenador de RH" do Palácio do Planalto, "distribuindo cargos e posições" no Executivo federal. O peemedebista disse ainda que não indicará ninguém para ocupar cargos na administração pública federal.
A relação entre o presidente do Senado e o Planalto se desgastou desde que Dilma nomeou, há duas semanas, o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) – aliado do atual presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – para o comando do Ministério do Turismo. Alves substituiu no cargo o engenheiro agrônomo Vinícius Lages, que era afilhado político de Renan Calheiros.
O PMDB não pode se transformar em um coordenador de RH distribuindo cargos e posições. [...] O PMDB não pode transformar a coordenação política, sua participação no governo, em uma articulação de RH para distribuir cargos e boquinhas"
Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado
"O PMDB não pode se transformar em um coordenador de RH distribuindo cargos e posições. Isso seria, do ponto de vista do nosso partido, que é o maior partido do Brasil [...] um retrocesso que essa distribuição de cargo significa", ironizou Renan.
"Eu não quero é participar do Executivo. Eu não vou indicar cargo no Executivo porque esse papel hoje é incompatível com o Senado independente. E eu prefiro manter a coerência do Senado independente, não participando de forma nenhuma de indicação de cargos no Executivo", complementou.
Durante a entrevista coletiva, o senador do PMDB também disse ter "muita preocupação" com a qualidade da coalizão formada pelo governo Dilma Rousseff. "No Brasil, nós temos uma coalizão sem fundamento", enfatizou.
Renan afirmou que o PMDB não pode substituir o PT "naquilo que, conforme ele, "o PT tem de pior", que é o "aparelhamento do Estado". Para ele, o papel do PMDB no governo é dar fundamento "programático" à coalizão.
"O aparelhamento não pode ter dono, nós temos que acabar com o aparelho. Não precisamos apenas mudar de dono. O PMDB não pode transformar a coordenação política, sua participação no governo, em uma articulação de RH para distribuir cargos e boquinhas", disse.
"Não se trata de saber quem é o dono da coalizão, trata-se de acabar com o aparelho. Não adianta mudar o dono do aparelho. O pior que o PMDB pode fazer é repetir o PT naquilo que o PT tem de pior, que é o aparelhamento do Estado", acrescentou.
Dia do Trabalho
Renan Calheiros também classificou nesta quinta-feira de "uma coisa ridícula" a presidente da República não poder fazer pronunciamento em cadeia de rádio e TV nesta sexta (1º), no feriado do Dia do Trabalho, por, segundo ele, não ter "o que dizer" aos trabalhadores. O peemedebista anunciou que irá propor ao governo federal um pacto para a criação e manutenção do emprego no país.
Nesta quarta (29), o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, afirmou que, em vez de fazer o tradicional pronunciamento do dia 1º de maio, a presidente divulgará vídeos nas redes sociais como forma de se manifestar sobre o Dia do Trabalho.
"O governo não tem agenda, não tem iniciativa, há um vazio evidente que fragiliza o governo. [...] Essa coisa da presidente da República não poder falar no dia 1º porque não tem o que dizer é uma coisa ridícula. Isso enfraquece o governo", afirmou Renan.

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