quinta-feira, 30 de abril de 2015

UM TEXTO DE RONALDO LESSA - GAZETA DE ALAGOAS

Primeiro de maio
 Ronaldo Lessa – engenheiro e deputado federal (PDT-AL).
No dia primeiro de maio de 1943, diante da multidão que lotou o estádio São Januário (do clube de futebol Vasco da Gama), no Rio de Janeiro, o presidente Getúlio Vargas sancionou a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT. A partir daquela data, as relações trabalhistas no Brasil mudaram. Em oito capítulos e 944 artigos, o documento estabeleceu direitos fundamentais para o trabalhador brasileiro como jornada de trabalho, carteira assinada, férias, décimo terceiro salário e, mais recentemente, garantias para os empregados domésticos. Em 72 anos, a CLT sofreu alterações, claro, mas a essência permanece salvaguardando empregos e garantindo o futuro das famílias.

Há os que acham a CLT anacrônica. São os mesmos que até algum tempo defendiam que empregado doméstico não deveria ter carteira assinada, numa clara evocação à escravidão. São os mesmos que querem “modernizar” as relações trabalhistas terceirizando as contratações de trabalhadores, quem sabe, até mesmo, chegando à precarização. São os que se enfurnam em cubículos diante dos computadores e alegam que a noção de trabalho mudou – cada um é o seu próprio negócio, o que é ótimo para as empresas que passam a contratar “empresas” (cidadãos que se tornam pessoas jurídicas), o que as desobriga das obrigações trabalhistas.

Amanhã os trabalhadores irão às ruas, como fazem desde 1886, quando a data passou a ser referência. É provável que gritem não por avanços (redução jornada de trabalho, o que levaria a menos dias trabalhados na semana, ou participação dos lucros das empresas), mas sim pela manutenção dos direitos adquiridos. Nesse caso, a CLT cumpre papel preponderante.

É irônico estarmos vivendo um momento de insegurança trabalhista. Afinal, no fim das contas, salvo os grandes capitalistas, e aqueles que vivem exclusivamente dos ganhos do capital, somos todos trabalhadores. É o trabalho que move o mundo, consolida as economias e estabelece o que imaginamos ser o futuro a partir daquilo conquistado com o suor dos nossos rostos.

O compositor Gonzaguinha compôs há alguns anos uma música que diz que um homem se humilha se castram seu sonho, seu sonho é sua vida e vida é trabalho, sem o seu trabalho o homem não tem honra. E finda: “não dá prá ser feliz”. Nesse primeiro de maio, acima de tudo, precisamos continuar sonhando e lutando para sermos felizes.

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